O conceito de Embriologia Biodinâmica associado à Osteopatia surge a partir do cruzamento dos trabalhos de Sutherland, sobre o comportamento do fluido nos tratamentos osteopáticos, e os do embriologista alemão Erich Blechschmidt.
Blechschmidt, permeado por um movimento filosófico, de autores vitalistas, que tinham como ponto de referência os trabalhos de Rudolph Steiner e em que se estudava a relação entre o indivíduo e o seu entorno, usava o termo "biodinâmica" para se referir à expressão dos movimentos que se manifestam no fluido embrionário e o vão formando e desenvolvendo. Para se referir à "vida em movimento".
No caminho para a compreensão das forças naturais e da sua expressão no sistema humano, Sutherland passou de ver os efeitos destas forças (padrões de lesão) a ver as forças que organizavam estas lesões (causa).
Os movimentos fluídicos percebidos e descritos por Sutherland correspondiam, efectivamente, a fénomenos relacionados com a embriogénese e que, em fases posteriores da vida, passam a ser as forças restaurativas e curativas do organismo.
"Fluid can lesion." - W. G. Sutherland
A ideia de um corpo fluídico lesionado é um dos maiores contributos de Sutherland para a Osteopatia.
Sutherland deixou-nos uma ponte até à profundidade da investigação e da práctica da osteopatia.
Foi a partir dele que alguns dos seus alunos como Rollin Becker, Ruby Day, Robert Fulford, Anne Wales, etc, puderam seguir o trabalho de investigação sobre os fenómenos naturais que ocorrem no fluido.
Foi James Jealous D.O. que, dando seguimento aos trabalhos feitos por Sutherland e seus principais discípulos, se apercebeu que tanto Sutherland como Blechschmidt, embora nunca se tivessem conhecido, descreveram contemporaneamente uma forma de potência, que actua fora do alcance do sistema nervoso central, capaz de tomar decisões inequívocas sobre o fluido. Ambos procuravam conhecer e revelar os movimentos da Vida.
Jealous aproximou a ciência da embriologia da ciência da osteopatia.
É na fase embrionária que se formam as primeiras funções metabólicas do organismo. Estes processos metabólicos estão presentes antes mesmo da formação do sistema nervoso e vão derivando em distintas funções à medida que o embrião se vai desenvolvendo (em formas e funções).
O fluido (que é o embrião) tem a propriedade de se conter a si próprio. Não é como água. É de natureza protoplasmática, tem vida e capacidade de tomar decisões e de se adaptar. Sem esta capacidade de adaptação nenhum ser-humano viveria, nem o embrião se formaria.
O embrião forma-se através de mecanismos de diferentes tipos (sucção, corrosão, densação, compressão, etc.) que criam um comportamento específico no fluido. Blechschmidt identificou 8 destes mecanismos com diferentes efeitos sobre o flluido, que designou de campos metabólicos. São estes campos metabólicos os responsáveis pela formação e desenvolvimento do embrião em formas e funções.
Para que ocorra um tratamento profundo é necessário aceder ao espaço onde se controlam estas funções originais, através de fulcros, ou pontos de referência. É nestes espaços que se encontram respostas para a maioria dos casos clínicos, sobretudo casos crónicos e de diagnóstico inconclusivo.
Em essência, não somos mais do que as funções (sacos originais) que nos formaram no período embrionário (8 primeiras semanas de vida), das quais dependemos para o nosso desenvolvimento, crescimento e cura.
Nunca deixamos de nos comportar como um embrião. Isto é, nunca deixamos de ter presentes as funções que se formaram com o embrião e o foram desenvolvendo até à sua forma final, anatómica, que surge com a densificação do fluido embrionário em tecido.
Assim, a ideia de lesão, em Osteopatia Biodinâmica, poderia ser resumida a uma perda parcial, ou total, da relação do ser-vivo com a totalidade do entorno que o criou.
A forma e função originais estão contidas no fluido embrionário, densificado na anatomia. O plano inerente de tratamento está nesse fluido oculto, mas perceptível.
Na ciência da Osteopatia há uma expressão que atravessa as gerações até à actualidade, desde que foi fundada por Still. A expressão é "Encontar a Saúde". Estas palavras preservam todo o seu significado graças ao esforço contínuo de osteopatas como o Dr. Still, o Dr. Sutherland, o Dr. Becker, a Dra. Anne Walles, o Dr. Fulford, entre outros gigantes.
Este legado, uma vez aprendido e contrastado, deve continuar a ser enriquecido e ampliado através dos mesmos meios com que se podia contar na época: a arte da espera e a observação, ou como dizia Sutherland: "Be still and know."
Um novo marco no caminho da Biodinâmica em Osteopatia surge através dos trabalhos de Carlos E. Marqués D.O., fundador de BIOS Formación, com noções avançadas dentro do modelo Biodinâmico, tais como os fenómenos novos aparecidos num novo espaço perceptivo - Vazio, um lugar até agora muito pouco explorado pelos osteopatas biodinâmicos - ao encontro da embriologia oculta, governada pelos princípios terapêuticos da Matriz Biodinâmica, organizada em 12 fulcros, ou pontos de referência.